26 de novembro de 2010

FÓRUM CICLOVIAS DA CIDADE

Amigos...

Participei do I Fórum CICLOVIAS DA CIDADE, promovido pela SECID/Governo de PE, nesta última quarta-feira 24/11 no Centro de Convenções. Como tinha viagem marcada para o mesmo dia, consegui assistir apenas a primeira parte, que era o que realmente me interessava: Um apanhado do que NÃO se fez em termos de cicloinfraestrutura ainda na Região Metropolitana do Recife, que inclui 14 municípios. Entendam que não fui para criticar nada, fui para ver o que os gestores destas cidades estavam fazendo ou não. A começar, percebi no programa faltavam 11 dos 14 municípios. Apenas RECIFE, OLINDA e CABO, se mostraram interessados em participar.  Dos 210 lugares disponíveis no Teatro do Brum, nem 100 chegaram a ser preenchidos, e já estou sendo superotimista! A bicicleta realmente não desperta interesse mesmo dos gestores, AINDA e INFELIZMENTE!
Voltarei ao tema em detalhes, comentando as palestras e posições dos apresentadores.
Um resumo simples: se fez pouco ou quase nada. 
  • Recife tem feito estudos sobre mobilidade, pensando na conexão casa-terminais de ônibus dispostos em eixões que cortem toda a cidade, do centro para os subúrbios. Os estudos geraram gráficos lindos, cheios de idéias e projetando 600 km de ciclovias em 10 a 20 anos. De prático, nada. Todo mundo que pedala sabe que não tem dinheiro nem para varrer os 20 km de ciclovias e ciclofaixas disponíveis hoje, que dirá abrir espaço para 600km. A percepção de que a mobilidade por carro não se sustenta existe, mas nem se pensa ou cogita em modos e formas de reduzir efetivamente sua presença no tráfego, tipo restringir estacionamentos públicos ou simplesmente fecha-los, sobretaxar os privados, enfim, usar o poder tributário para forçar a população preguiçosa a deixar o carro em casa.  Quero saber qual sistema de transporte público que vai funcionar com tantos carros no meio!?
  • Olinda, foi mais realista, mas ainda sim, pouco efetivo. Pensou em conexões locais em direção aos 3 terminais.  A bicicleta serviria de alimentadora dos ônibus que continuariam a trafegar nas vias normais. Nada de mais mesmo!  E ainda tivemos de ouvir que "preferimos" pedalar na calçada ao invés da ciclovia da orla. Ela NUNCA PEDALOU nem nesta nem em nenhuma outra ciclofaixa! Os carros NÃO respeitam a ciclofaixa. Nem os da PM, que já vi estacionados nela enquanto os PMs comem salada de fruta! Me faça o favor, viu!
  • Cabo tem a menor rede mas a maior necessidade. Com a instalação de 2 novas centrais de distribuição, locais onde trabalham muitos que não podem pagar o transporte e que usam a bicicleta, está implantando e reorganizando as poucas ciclovias e ciclofaixas, e fazendo algumas novas, pensando nestas pessoas. A iniciativa é tímida, parece ainda não acreditar que funcione, mas pelo menos se mostrou interessada!
  • Senti falta de pelo menso 4 municípios importantes: JABOATÃO, PAULISTA, CAMARAGIBE e SÃO LOURENÇO. Tem muita gente que mora neles e usa a bicicleta. Mas aparentemente, seus gestores estão "cagando e andando" para eles!
Uma posição do representante do Instituto Pelópidas da Silveira, que está realizando os estudos sobre a mobilidade no Recife, deixou os grupos de ciclistas indignados e cabe aqui o esclarecimento, quem sabe eles lêem.  Os grupos de ciclistas tem um papel formador de ciclistas. Muitos estão apenas interessados no lazer mesmo, mas vários estão preocupados com a segurança do ciclista, informam, exigem, orientam quanto a forma correta de pedalar, equipamento de segurança, etc.  A necessidade de uma infraestrutura para os ciclistas na minha opinião e na dos grupos é para todos, mas em especial para aquelas pessoas que não podem pagar os altos custos do transporte público. Quem não tem R$1,00 para comprar de pão para seus filhos, não tem R$1,85 para pagar uma passagem! Eu e vários dos presentes temos carros, mas optamos por pedalar sempre que possível. Não queremos as "SUPERCICLOVIAS DE LAZER", nas palavras do representante do Instituto, "PARA PASSEAR MAIS RÁPIDO". Queremos cicloinfraestrutura para todos e principalmente para os que realmente precisam dela!  E este tipo de via não tem como ser usada em passeios com 200, 300 pessoas. Então não existe nem a remota possibilidade de que algum de nós, organizadores ou participantes, pense na existência dessa estrutura como para ser usada em nossos passeios! Que os representantes do instituto tenham a certeza de que queremos a cicloinfraestrutura para todos que quiserem e puderem, usarem suas bicicletas para se mover para todos os lugares.

Quem quiser ver mais sobre o evento, pode ir dando uma olhada nas fotos que tirei.  Em breve vou pegar o CD com as apresentações e vou fazer posts específicos, analisando cada uma delas em detalhes.


Infelizmente, para aqueles que como eu estavam esperando novidades, realmente não vi nada que pudesse ser animador. Os estudos parecem embrionários, não existem MEDIDAS REAIS SENDO TOMADAS, e todo mundo quer dinheiro para fazer algo. Sabe quando vai rolar alguma coisa... então você sabe mais que eu!

COMENTEM!!!

Um comentário:

  1. Essa é uma realidade triste, de fato! As SUPERCICLOVIAS DO LAZER parecem ter apoio até por aqueles que usam a bicicleta de forma egoísta nos finais de semana ou nos seus dias marcados por uma galera pseudo-elitizada. Não há compromisso social, por enquanto, entre os gestores públicos e a própria sociedade. Até quando? Boa pergunta.

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DE OLHO NA BIKE



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No aguarde!

Original ROGÉRIO LEITE @ 2010